5 de setembro de 2011

O silêncio, não é sempre um engano...

... E há tristezas, que se soltam de lugares secretos... e nos navegam os gestos... e embriagam os olhos...
E é um grão de areia... em poeira de luz clara...
Onda de mar... tocando a face de sal... e o corpo da alma tem um sabor exausto... como um infinito parto...
Afago a vida, para comandar o sentido das coisas...
Enroscando-me, na minha concha de "lapa burra", para brilhar de madre-pérola...
É preciso dar ocupação à "ave que magoada por vezes voa em nós"... num minuto de cinza...
E peço ao vento que leve tudo... ao vento que vem da Nave... cortado, frio e rápido...
E tenho mil sonhos na minha mente "descrente-crente", nesta aventura de ser:Eu!
E esta emaranhada teia, escrava nas minhas mãos, plantando palavras que redescubro, nesta dimensão...
Todo o nada me toca... e é tudo... dona de tudo... sem nada ter...
Simplesmente porque num minuto talharam em mim este "sabor de sempre"...
E entro pelas frechas de mim, por onde escorrem as minhas lutas "enlutadas"...
E ás vezes, sou "menos eu", em viagens, mil vezes adiadas...
Desta que em mim faço nascer... "empoemamdo-me" a esta entrega, a que livre me "condeno"!
E continuo de coração descalço, sobre a vida!
As palavras "estão por um fio"...
Fico por aqui!

23 de agosto de 2011

"Ao sabor das minhas marés"!


...Os meus sonhos ás vezes sonham ser ondas...
Sei o que digo... porque as palavras sabem a linguagem dos peixes...
E nasci olhando um ilhéu, a minha voz ficou presa, nas pegadas da areia...
Tenho dentro de mim, o sotaque do mar...
E amanheço, porque as gaivotas espalham o seu canto...
E "por vezes" alcançam a lua!...
E sou uma nuvem desfiada,
E acrescento-me em cada maré cheia...
Tacteio a terra até ser rocha...
Tacteio o tempo até ser água...
Inexplicávelmente ás vezes sou nenúfar (mas não me perguntem porquê)...
No rosto a água de sal...
Sal que se torna despedida...
E em dois azuis me misturo...
Mar inteiro...
Céu sem fim!
E o tempo pára, no espanto das memórias!...

(Não era eu, feita pássaro... mas a ilha que voava)!...


12 de agosto de 2011

As marés que tinha não chegavam...

"...As marés que tinha não chegavam... a linguagem das ondas, era outra, a vida passava de repente...ou por vezes tão lenta como o sol a morrer no mar...
Havia dores antigas… Lembranças de dores sem nome...
Soletro outro idioma... Reconheço-me?
Não reconheço?! Sou eu mesma?!
Perdi as graças do mar... que me trazia os silêncios do mundo...
Não sei fazer mais nada... do que cultivar letrinhas para nascerem palavras... perco-as por vezes...
(Mas no que é perdido, ainda podemos renascer)!
Uma "jovem-menina", que sempre se pensou marinheira, e que vira do avesso o coração!
(Mas eu sei que o mar não me esqueceu... volta sempre a estas praias... onde recebo a ilha na mudança dos ventos!)
E vai encontrando de mim... quem pelas palavras me procura!
Pelos ventos me transporta...
Pelo sorriso me guarda... Pela saudade me lembra!
E deixo-vos à porta das minhas palavras as vossas lembranças... ilusões e memórias!” :-)


11 de agosto de 2011

Pelos teus anos... António Azevedo.

O que as palavras não dizem, porque, por vezes são poucas...
O que gostávamos de transmitir, e não sabemos...(ou por isto...ou por aquilo...)...
O que eu queria dizer-te, meu amigo, meu irmão...
É que este dia atravesse a tua vida num sorriso, repleto de "sabores bons",
Palavras sinceras, olhares de ternura...
O que eu quero dizer-te é :
Parabéns..!
E que pena temos de não estar perto...
Mas há este Oceano pelo meio... Tão liquido!
Como os "rios que se soltam dos olhos ", pela palavra, saudade!
Dos manos (da Beira-Alta) e sobrinha Maria Ana!
(Como te queremos bem!)
Abraços como lonjurassssssssssssssss!

6 de agosto de 2011

Cruzetas de lava

Deixo cair da terra escura que me criou, um amuleto e um verso...
No infinito que me desprendo... podereis ver, o que sou,
Lembrar de mim, o que faltou...
O que quiz ser... e não deu...
Menina das ilhas que era eu... com um sol sempre a espreitar atrás de um ilhéu...
Um choro de garajau... que o tempo escondeu...!
Agora...
Sentem-se comigo à beira-rio... à beira-mar...
As ondas são dunas liquidas... sem fim, e o rio cumpre-se devagarinho...
Que sabe o céu de que verdade vivemos?
De que, em verdade vivemos?
Mas à noite "quando tudo se esconde"...
E pensamos que toda a luz morre...
Que palavras murmuramos e escondemos?
Num rasto de verdade e não de invenção
Brilha na noite a resistência da vida...
E as lembranças, soltando-se como fios de um eterno novelo de algodão...!

13 de julho de 2011

No ha de haber un espíritu valiente?

... No ha de haber un espíritu valiente?... Sempre se ha de sentir lo que se dice?... Nunca se ha de decir lo que se siente?... Hoy, sin miedo que libre escandalice, pude hablar el ingenio, assegurado de que mayor poder le atemorice. En otros siglos pude ser pecado, severo estudio, y la verdad desnuda, y romper el silencio el bien hablado. Pero sepa, quien lo niega y quien lo duda, que es lengua, la verdad, de Dios severo, y la lengua de Dios nunca fue muda...
(De Queveda)

21 de junho de 2011

Ó meu amigo Fernando Bettencourt... Então queres uma rima!

A menina-de trás-das-hortas, vai cá ver se "antão atina"!

... Direitinho do Canadá,
Lá vem vindo, um avião,
E trás lá "drento" o Fernando c'as soidades no coração!
E de Toronto à Guarita!
"Hé home, hé pessoal",
Vai ser melhor c'uma fita,
O nosso querido amigo,
A mais a sua esposa...
"Botem colchas na varanda",
Que vê-lo é melhor c'uma bôda,
Uma bôda, é uma festa,
"Cando cheguemos" à terra,
Trazemos connosco tudo,
O que no coração se encerra!
E diz que vai p'ós Biscoitos!!!
Ah! Corsairo!
É só p'ra fazê invejas!
Vai p'ra casa do Néné,
E inda vai comê Bochechas!
Ah! Guida! Oh! Minha amiga,
Tu bota-lhes malagueta...
Que na volta para casa,
Mata a sede na "Sarreta"!!!
Como me lembro de vós!
Guida! Como me lembro de ti...
Lembranças que o peito têm...
Tu, cantando os "Olhos Pretos"... do rosto da tua mãe!
Já nã falo em Samiguel...
Q'uisto se carta fosse, já nem havia papel!
Come sarapatel e lapas...
Pão do Bodo... come morcela, come cracas...
Vai ao mar... .
Vê o ilhéu,
Olha p'ró Monte Brasil...
Vai à Serra do Paul, e olha, o verde sem fim!
Sente os cheiros! Sente a ilha... e meu amigo, sorri!
E nos sorrisos que dês...
Dá, sempre um a mais por mim!
Saudade da minha ilha, nem a vida a levou...
Sou filha do "Mestre Francisco"
E o seu jeito me ficou!

17 de junho de 2011

Dois olhos

Dois olhos tombados no mar...
Dois olhos tombados no tempo...
Dois olhos tombados na vida... dois olhos...
(Como são tristes os olhos do coração, quando acordam vazios)...
As palavras, arrumamo-las entre os medos... e o que custa são os silêncios…
Fui-me desapegando "dos pensamentos"...
E começando a falar, doutras coisas... para encontrar a palavra... aquela que é única, verdadeiramente nossa... E no pó da vida, reclamo a existência!

11 de junho de 2011

Bom fim de semana...

E há vida e vidas... e anos e meses e dias e momentos...
Segundos... lentos... sofridos alegres...
E há sábados que sabem a nada a muito a tudo... tal como a vida...
As vidas... os anos... os meses... os dias... como ondas largas... altas... perdidas...
E no peito surgem velas e barcos sem mares...
Então navegamos por dentro desta amálgama... encorajando a alma a sorrir...
Porque ainda há vida...
Mas lá no "fundinho" ainda vamos "magicando", sobre isso de vidas... anos meses... dias...)!
Bom fim-de-semana!

8 de junho de 2011

Palavras como sementes derradeiras... (E mai nada!) Como diz o meu amigo Serafim! Boa noite Agualva!

Parti da voz ás minhas mãos...
Desfolhei a chuva,
Soltei o perfume da terra,
Toquei no nada,
Tentei palavras e todas me faltaram,
Então abri as frestas do tempo, como gomos,
Assaltei o mundo,
E dentro de mim,
Recolhi-me ferida, dos combates da vida,
No que digo e escrevo,
Tento dar, a paciência dos rios,
A idade dos livros,
Não tenho mapa, nem bússola,
Mas os pássaros... e o que recebo de volta,
Embrulham o meu coração... !
(Nascemos, para produzir sonhos, e sentir e amar)!

6 de junho de 2011

Onde acaba a saudade...

6 de Junho de 2011
Amanheceu cinzento... a tender para o "molhado"...
Mas que Junho este!!
O que me restou da noite, entrego ás mãos do dia,
E quero acreditar, que "muito ao longe", ou muito ao perto, um sol... uma nuvem, ou um pássaro, venha estabelecer o início do Verão, que anda "desgarrado”...
Porque as sementes, essas, já as entreguei à terra, onde tudo pode a seu tempo germinar...
Enquanto isso, espero a vinda dos meus amigos: António e Josefina!
Junho vai ser "onde acaba a saudade"e começa a ternura!










Nos olhos a saudade é uma borboleta inquieta!

4 de junho de 2011

Atendedor automático... de avós!

"Bom dia, de momento não estamos em casa mas por favor deixe-nos a sua mensagem depois de ouvir o sinal sonoro:
- Se é um dos nossos filhos, digite 1
- Se precisa que lhe guardemos os netos, digite 2
- Se quer que lhe emprestemos o carro, digite 3
- Se quer que lavemos a roupa e a passemos a ferro, digite 4
- Se quer que as crianças durmam aqui em casa, digite 5
- Se quer que os vamos buscar à escola, digite 6
- Se quer que lhe preparemos uns bolinhos para domingo, digite 7
- Se querem vir comer cá a casa, digite 8
- Se precisam de dinheiro, digite 9.
- Se é um dos nossos amigos, pode falar!"

31 de maio de 2011

As coisas que as coisas têm...

As coisas que as coisas têm... e não contêm...
No que não contamos... .ou contamos...
Porque não nos contemos... ! Ou contemos.!.
E ficam segredos contidos que de tanto se conterem...
Tornam-se segredos contados p'los dedos em medos sofridos...
Então o que nos contêm...
Ás vezes porém... é palavra alada que voa e se espalha e soletrando vai...
Cortando o medo contido... sofrido...
E torna-se segredo divido...
E diz-se: "Obrigada, amigo..."
Ou é só sorriso...
por um medo dorido, e passo a ter palavras claras...
E fecho as portas "ás armadilhas na vida contidas"!

30 de maio de 2011

Não é tarde... nem é noite...

... Não é tarde... nem é noite... é assim:
"Entardecer"!
Um pouco como ainda já não ser noite, e ainda não ser dia...
"A aurora"...
É nesses espaços temporais, que descubro um lado solitário em mim.
Talvez a escrita seja a minha forma de estar com os outros.
Gosto do entardecer, do recolhimento...
"saber estar no silêncio".
Intimamente, cada um de nós, sabe o que nos distingue...
E a vida é uma vertigem do princípio ao fim!
E adaptabilidade não é imitação, mas sim poder de resistência e assimilação...
(É melhor parar... se não lá vou eu por "aí fora")
:-)

28 de maio de 2011

Só por um par de chinelas...



Tem chovido a potes…
Tem chovido a cântaros…
”It’s raining cats and dogs”…
Mas já abrasa…
Já se vê o sol a pino…
E o calor já encurta os “braços ás blusas…"
Os meninos comem gelados…
Usam calção e panamá…
”As águas que em Junho hão-de regar de Abril e Maio, hão-de ficar”.
Bom, o que sei é que já tenho os pés ao léu…
Com chuva, ou sem ela… é do melhor andar de dedos à solta…
Ver os sorrisos porque o céu ficou azul-azul e o sol amarelinho…
E as minhas “velhinhas companheiras”, já saíram à rua!
Que maravilha!
E quero lá saber que digam:
Tanta conversa, só por um par de chinelas!  :-)))








Pés na terra, coração na Beira

25 de maio de 2011

Eu... "estranhamente... estranha"!

E há dias de sol... de certezas sem certezas... e incertezas...
De pássaros tontos de luz... de casas caiadas de branco...
De palavras, que morrem antes de nascerem...
Estranguladas no silêncio... de sorrisos que só querem sorrir...
De sonhos que ficam só por sonhos...
Só...
E hibernam no coração das esperanças...
E na palavra, talvez...
(Que "coisas" estas em mim, que me fazem sentir, tão estranhamente estranha?)
Não amarrem as palavras no peito... digam-nas!
Ás vezes é urgente ouvi-las!
Bom dia! Basta só uma...
Só uma!

19 de maio de 2011

Para ti... meu companheiro... meu amado... meu amigo...

... Há palavras...
Há maneiras de adormecer e acordar em camas desfeitas de pensamentos
Ou luas, ou mares...
Há dias de edificar "casas em ruínas",
Desabitar os quadros e as molduras...
Porque há um lado da dor que é completamente nossa...
Talvez por isso inútil...
E sou capaz de jurar que nem dá conta que existe...
E vou ousando prolongar-me na toalha branca do papel...
Porque houve sempre palavras "enormes" à minha espera...
Mas talvez qualquer coisa tenha começado agora, com este meu nome, mais verdadeiro...
Com estas mãos e estes olhos, com que um dia jurei, habitar os dias das palavras claras...
E uma casa onde "largue" o medo... e os seus mais antigos significados...
E que voltem a "tempo de me salvar"...
Escorre dos meus dedos o pó do tempo...
E possuo este amor de amar-te, que consegui salvar de todos os dilúvios...
E desenho com a ponta dos meus dedos as fronteiras exactas do teu rosto...
Até chegar ao lugar, especial e único... em que de mim nasces... sorris... vives... e habitas !
Esperar por ti, é onde nunca se gasta o tempo das esperas!  :-*  ( )  :-)

18 de maio de 2011

Houve um tempo...

Houve um tempo, em que as marés eram espuma...
Houve um tempo, em que as batas eram gaivotas em pés dançantes...
Houve um tempo, em que os dias não se contavam...
Porque nasciam logo sóis nos outros dias...
Houve um tempo, em que nos vestíamos de Oceano...
E a vida era absolutamente disponível...
Houve um tempo, em que todos, nós, crianças, tínhamos a ilha acorrentada no peito...
E ficámos (quase todos), adormecidos nela...
Esperando ventos favoráveis...
Entre os sonhos e as lembranças,
Ficou sempre uma "maré que não queremos abandonar"!

Da Terra e do Pão… (Num entender de espanto)!

(O que a Beira me ensinou, a mim, menina da ilha)
A aldeia é onda em movimento, e com este sentimento guardado num bolso fundo, ponho para florir uma rusga de saudade, construindo na alma um ritmo ao Fado Beirão, cresce na tarde um som que a palavra não diz, que a enxada moreja… Capucha posta a modos sobre os ombros, que o trabalho aqui, pede ser-se mulher mais cedo.
É pois assim, a terra, uma giesta florida, um monte de nada e tudo, um cuco cantando p’lo mês de Maio. Cesto ao canto da cozinha, coração concêntrico, que arde por tudo, inflama-se por nada.
E semeia o milho, e rega-o e sacha-o e colhe, carrega a burra p’ra levá-lo ao moinho, e faz o fermento, e amassa a farinha com água e sal, bate e vira. Deixa-o na masseira para fintar, enquanto o homem carrega a lenha e esquenta o forno. Ela acende a lareira, enche o panelo, encosta-o bem; vai ao quinchoso, apanha as couves, prepara o caldo, dá comida ao bibo: “Que vida esta”! E arrasta os tamancos sorrindo um sorriso dorido, e o garoto: ”Oh mãe traga o pão”! Enche o tabuleiro, que as bocas são muitas…
E dá ao garoto as sardinhas num prato, que cobrem uma bola, ás vezes duas, que saindo do forno, entretém a conversa, estendem-se as pernas, aliviam-se os pés, aquece-se o corpo, e saindo o pão, carrega-se o tabuleiro, deixando ao passar, odor de trabalho, e o caldeiro cheio de borralho quente anima o serão, enquanto o menino, se vai aninhando no colo da avó, ouvindo histórias antigas que lhe conta a tia, falam dos mundos, que há no mundo da sua terra.
Em “quê” de nós a tradição nos toca?
No lugar de sermos gente.




(Da terra e do pão)

Revira – Envolve e bate
Quinchoso – Pequeno quintal à volta da casa
Bibo - Gado (bovino e caprino)
Bola – Pão pequeno de centeio e trigo, espalmado
Masseira – Caixa de madeira, com as paredes inclinadas, onde se amassa o pão
Caldeiro – Balde de Zinco
Borralho – Carvões em brasa que depois do pão estar cozido, são levados para manter a lareira acesa
Tamancos – Calçado com sola de madeira e de pele de vitela (Abertos a trás)

12 de maio de 2011

Voam no tempo as palavras...

Voam no tempo as palavras,
Como as ameixas vermelhas... lembranças da nossa infância,
Voam os sonhos em busca de outros, como se não houvesse
Um Oceano... e outro... e outro...
Abraço as horas como se readquirisse a vida...
E no céu incendeiam-se cores... como gotas,
Impregnadas de sal... ou estrelas escondidas,
E entre as fendas da chuva,
Abraço "as saudades a dois braços",
A distância mudou-me os muros da ilha,
Como se parte a distância numa janela partida???

Terceira-2006

6 de maio de 2011

Em que lugar de mim mora a memória...


"Em que lugar de mim, mora a memória?"
Na margem dobrada das lembranças, desdobra-se em lentidão, a folha contada de histórias, da história que a vida tem!
E a vida que é só história... ou conto... ou lenda... ou memória, fica viva, ou fica morta... ou perto, ou ali, ou remota!
Mas é ponto, encontro... ou desencontro, da história que contém histórias,
Das coisas que recordadas, ficam sorriso... ou ficam lágrima...
Ou sombra que no peito assombre!
História a desembrulhar, numa hora... com ou sem nome...
Mas que nos conte... e nos conte... e nos conte!  

1 de maio de 2011

Da vida e do cheiro das palavras...


“Pensamentos p'la noite dentro... da vida e do cheiro das palavras...”

É no centro do olhar, que se escrevem as palavras guardadoras de silêncios... a sombra do sol, na curva da alma...
Os avisos do vento escondendo sentires, que se baralham nas minhas mãos...
Nas palavras ainda há sonhos que não se querem contados... separados entrelinhas...
E sou um pouco como o meu gato, escuto as palavras da noite, para desafiar a lua...
Tenho uma palavra pousada no peito, como gomo d'água guardada, para ser ave que de repente chegasse e se soltasse no azul, ou no amarelo dos trigos...
E então, as palavras, são como peixes, hábeis, e decido o lugar por onde navegá-las!
E por amor desenho uma linha torta... e nela lembro-te, nos intervalos de te lembrar!
Uma palavra que tenha sol, para que brilhe nos teus dias... e noites! :-)
Ás vezes há dias que não são quinze, mas que quinze podem ser, basta que se queira!

30 de abril de 2011

Para vós... Amigos

30 de Abril de 2011
Com granizo aqui... chuva acolá...
Sol medroso... manhã sombria...
Nuvens grossas cor de chumbo...
("Qué feito da primavera, heim, sinhô S.Pedro? Tá caçoando c'a galera!)
Bom! Mesmo assim. " Bom Fim de semana a todos", divirtam-se...
Vistam uma roupinha velha e "ide passear à chuva...
Devagar... saboreando... depois um duche quentinho e o "Stress” foi-se!
:-)) Abraço!
E se não comemoraram ontem o Dia Mundial da Dança, façam-no hoje...
Deêm uns passitos de valsa, enquanto passeiam!...
(... And singing in the rain, also... )!

28 de abril de 2011

Da vida e do cheiro das palavras...

“Pensamentos p'la noite dentro...
Da vida e do cheiro das palavras... ”
É no centro do olhar, que se escrevem as palavras guardadoras de silêncios...
A sombra do sol, na curva da alma...
Os avisos do vento escondendo sentires, que se baralham nas minhas mãos...
Nas palavras ainda há sonhos que não se querem contados... separados entrelinhas...
E sou um pouco como o meu gato, escuto as palavras da noite, para desafiar a lua...
Tenho uma palavra pousada no peito, como gomo d'água guardada,
Para ser ave que de repente chegasse e se soltasse no azul, ou no amarelo dos trigos...
E então, as palavras, são como peixes, hábeis, e decido o lugar por onde navegá-las!
E por amor desenho uma linha torta... e nela lembro-te, nos intervalos de te lembrar!
Uma palavra que tenha sol, para que brilhe nos teus dias... e noites!  :-)
Ás vezes há dias que não são quinze, mas que quinze podem ser, basta que se queira!

27 de abril de 2011

Não é que não existam sonhos...

Não é que... não existam sonhos,
O que existe, são "corações vazios"...
E sou eu que passeio pelas tardes.
O meu cachorro Fiel (da infância)...
Assobio ao meu canário...
E com o coração, cumpro esta "missão, para além da razão"...
O meu pensamento é um sorriso...
Pode cair uma lágrima,
Mas não foi o choro a nossa primeira voz?
E a minha alma, mora segura, no meio da Primavera,
Numa estrela cheia de vento!
(Por desgraça, não tenho para dar, mais que as digitais palavras que são passadeiras ou travessias de sortilégios e encantamentos...
E o que mais este meu viajante coração encontrar...)
Abraços!

23 de abril de 2011

"Sabor A Páscoa"

Estava a pensar que é Sábado de Aleluia...
Estava aqui a pensar que é quase... quase Páscoa...
Um "bom sabor Pascal", com tudo aquilo que isso possa significar para vós...
Aos meus amigos "viajantes" deste lugar...
Um abraço amigo!
Mas como não possuo as palavras certas para dizer tudo...
Encontrei um sorriso e um pensamento "por vós",
Envio-vos, para que se "salvem" e iluminem o vosso dia,
E um olhar de quem tem muito cuidado com as emoções !
(Uma palavra amiga e mil amêndoas doces... coloridas)  :-)

16 de abril de 2011

A Mosca... A Asa


A asa da mosca, a mosca e asa,
Que bate e pousa, zumbe e te enoja…
É a asa que voa,
Que te irrita, incomoda!
Um “baque” a mata…
É a asa que bem no fundo te faz falta!
Não por ser mosca,
Mas por ser asa…
Que o pensamento se embaraça,
E o coração só de asa se abrasa!

O Tempo


O tempo sem tempo,
Que ignora o tempo do pensamento
Que o tempo tem,
O tempo que não te dá tempo,
Nem tréguas… nem pausas
Nem uma luz… um filamento,
Que toca e segue
E te leva o momento!
O tempo e o pensamento,
Do encantamento que a vida contém (ou não)! Mas porém?!
O tempo que pára e não pára…
Que detém e não detém,
O tempo que nos trata e não basta,
É o tempo em contra tempo,
Entre o estar e o partir,
Entremeado de esperança
Que é tão só temperança,
Bonança… ou quimera,
De um tempo de entreter…
Um sopro do verbo esquecer,
Soletrando a palavra viver!

24 de março de 2011

Quero dizer-vos...


‎...Haja o que houver, transmite confiança e "bom-ânimo", porque, alegria, é talvez a única dádiva que és capaz de ofertar sem possuir....
E finalmente, aceita e estima as pessoas, como são, não exijas que elas se "façam" ao teu jeito...!
‎...Não percas o tesouro das horas...
E constrói por dentro do teu próprio ser, o abrigo do entendimento que solicitas, para sentires segurança, e irradiá-la de ti !
O tesouro das horas, é aquele que nem damos conta que existe, passa na nossa vida... e desperdiçamos... é quase como:
"Não deixes nada por dizer"...aqui:
...Não percas as horas que são tesouros...
Não deixes nada por fazer (do que é possível ser feito) :-))
‎....Lança "boatos e injúrias", ao cesto do esquecimento...
Uma moradia claramente limpa, reclama a presença do "esgoto"...

"Palavreando"


Uma brisa, vinda dos confins de mim, empurra as palavras... de dentro para fora...
Nomeiam gente...
E a gente progride com passos redondos, que a vida é pequena... e os dias longos....
‎...Ninguém cometeu maior erro, do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco....!
‎...As nossas palavras podem ser, "pancadas ou afagos", e é o uso dessa força que equilibra, ou desequilibra, o que em nós se obscurece ou ilumina, nos ergue, ou nos abate...!

17 de março de 2011

O lado do avesso

...Faço sentir palavras, nascidas em lume brando...
E vou saboreando silêncios que o ar transporta cheio de sal, para me conferir um nome, solenemente...
Ou não... Mas real, como eu!...
Mas não sei que pendurar, nos ramos que tenho por dentro....!
Ou o Oceano que "nos trocaram por pele"...
Fiz-me das marés que me abraçaram, daí ser gota perdida...
Não me sento no lamento....
Faço-me...
E espero sempre como que entre os dedos me cresça, uma flor....
Sopro fresco, que me alise as ervas, e tenha para mim um casulo de colo aconchegado....
E tome nomes de nome, belezas de perto....
Eu sei lá!
Até amanhã!
Pudesse, eu, despir a casca, que o pó da vida transporta no meu dorso...
Ou então ser ave, que não pensa para não confundir as asas....
Qualquer coisa que não sei nomear, anda comigo de mãos dadas...
Solto-me do imenso nada...!
Que tempo este que não me deixa as palavras quietas, nem me acalmam a alma....
Dias assim, oprimem, enquanto abrigam...
Um céu pintado, exibe as cores, de qualquer esfumar de olhos em que me vejo...
Construo palavras em fios de água...
E fico aqui a navegar memórias....
Tenho um coração silencioso, que passa em passadas de quem passa descendo abismos ás avessas...
Fecho os olhos, e transmudo-me em… em pedra grande sentada,
Encostada aos pensamentos da fina película que define a alma....
.‎..Num qualquer cruzamento ou rua....até Outubro!
"Os sonhos sempre podem voar em pedras sentados..."
Levanto do peito a vida toda numa palavra só...
As mãos desenharam marés...
E vou construir um búzio, para descansares todas as manhãs, na frescura de cada maré...
No orvalho onde as árvores se infiltram...
(Os dias sem horas contadas vão começar)...
"Chamam-lhe férias" !! :-)
Existem belezas que só na distância se perpetuam...
Coloridas de arco-íris...
Roubando braços de abraçar...
Mãos de enternecer...
Toques de afagar...
Num entendimento onde o coração se perde e as palavras se não gastam...
É por isso que os meus olhos são por vezes penas de pássaros...
Como quem desce a vida "ás avessas",
E as penas já tanto volitam...
Que receio, já não saberem voar!...

Palavras à solta

Há um bulício de palavras à solta dentro de mim, por onde?

São como gestos que saem dos arquivos fugidios da cama das memórias...

E andam por aí à solta, pintando braços de apertar, extravasados das mãos,

das sobras que de dentro ainda se atrevem...



Embalo o tempo, na palma da minha mão adormecida,

E como um fino traço as coisas se adivinham,

Tal como a certeza das auroras, nas gotas minúsculas que se esgueiram pelo atrevimento dos nossos olhos…

Confabulando

Todo o tempo é meu tempo...

Não há solidão, nem chegada, nem partida...

Podia chamar-lhe atitude, simplesmente...

Mas chamo-lhe amor, ou então vida...



Na incompreensão da dor do silêncio, plantado a correr pelo peito, preso num nada, que é um nada... só...

E o silêncio é de tão grande que já se lhe sente o bafo...

Um silêncio, pelo lado de dentro da ausência... sem perguntas... sem perfumes de flores na ponta dos dedos...

Caminha-se com um abismo nos olhos...

Ao acaso...

Percorram a existência...

Prendam a noite com seus vidros-brilhos...

Aveludem o pensamento, e... Boa noite! Durmam bem! ;-)



Amanhã é um novo dia...

Vou recitar nele a vida e tentar ser "geradora" de coisas que não precisam nome para explicar a luz que volita na roupa da alma...

Qual o lado de nós que amanhece primeiro?

É que o cheiro azul do mar chega até aqui...

‎...Ás vezes o que queremos, não é o que precisamos...

1 de março de 2011

Hoje "deu-me para pensar"...


Hoje "deu-me para pensar", que acredito, em faunos que andam p'los prados e os varrem pelas manhãs...
Acredito nos ventos que fazem o mormaço do ar, e nos dão aquele "estar", que só um ilhéu pressente...
Acredito, no cheiro colorido das azáleas... entontecendo o sentir...
Acredito que só na ilha se conhece a lua que cobre o tecto da terra...
Que o fim do mar, não está no seu fundo... mas na última vela do barco, que vira a ponta da ilha...
Creio que a saudade tem asas de prata e oiro...
E no assombro das coisas...
Na lendas e nas fadas...
Sou "uma crente"!...

18 de fevereiro de 2011

Falta de tempo


Olá Maria José,
Ontem, ao ler uma das tuas mensagens no Facebook, deu-me para escrever o poema que se segue e que te dedico, como todo o afecto de uma imensa e verdadeira amizade. Aí vai:

O nosso Tempo já não tem mais tempo
Para sujar a folha, muito alva,
Que á nossa frente dá mais vida ao Tempo,
Pondo-o a galopar, qual Marialva
Em seu belo alazão, pelos campos fora
Como se a vida fosse já de outrora.
Tudo corre com tanta e louca pressa
Que muito nos parece ser o fim
De qualquer sublimada e vã promessa,
Feita só coração e frenesim.
Já não há muito tempo p’ra dizer
O que a alma sente, a cada instante,
Nem para se cantar o que é viver
Numa alegria doce e mui constante.
As belas expressões do pensamento
Morrem logo à nascença com’um ai.
Queda-se tão inerte o sentimento,
Que o Tempo, já sem tempo, se contrai
Deixando assim papel branco e lavado
E o sentir do pobre vate desesp’rado.
_ Ó Tempo, por que és tão ingrato e mau?
Deixa o Estro passar o Rio a vau!...

José Calema

10 de fevereiro de 2011

O afastar das palavras...


(Como dizer ao meu ser, que as palavras se afastem…?)
Na lonjura do pensamento, gastei o tamanho das noites, que dos sonhos tinham asas, e de cinzas se despiam...
E nessas noites morri...
Dos pensamentos nasci, com passos de nevoeiro!
Amanheci como um pássaro, e habito "neste retrato", que tem a história de não ter história nenhuma (já li isto em qualquer lado?)
E fico com este mar...
Ruidoso, ou manso...
E o mormaço do ar, dentro de mim a pairar...!

9 de fevereiro de 2011

A cor das palavras


"Sentires ao acaso a oeste do sentir"
(A quem gostar de "palavras com sabor...")

Imperfeita madrugada, azulada, ensombrada...
Nos meus olhos... rasos... bravos, de canto, encanto... assombrados
De prantos, ensolarados,
Desenhando na partida
Este meu cais de fugida
De segredos e silêncios, descendo p'la minha mão
Longos dedos... ou solidão
Entrando neste "meu muro"
Onde desenho no escuro
Onde começa o teu nome... Que murmuro, que murmuro!