18 de fevereiro de 2011

Falta de tempo


Olá Maria José,
Ontem, ao ler uma das tuas mensagens no Facebook, deu-me para escrever o poema que se segue e que te dedico, como todo o afecto de uma imensa e verdadeira amizade. Aí vai:

O nosso Tempo já não tem mais tempo
Para sujar a folha, muito alva,
Que á nossa frente dá mais vida ao Tempo,
Pondo-o a galopar, qual Marialva
Em seu belo alazão, pelos campos fora
Como se a vida fosse já de outrora.
Tudo corre com tanta e louca pressa
Que muito nos parece ser o fim
De qualquer sublimada e vã promessa,
Feita só coração e frenesim.
Já não há muito tempo p’ra dizer
O que a alma sente, a cada instante,
Nem para se cantar o que é viver
Numa alegria doce e mui constante.
As belas expressões do pensamento
Morrem logo à nascença com’um ai.
Queda-se tão inerte o sentimento,
Que o Tempo, já sem tempo, se contrai
Deixando assim papel branco e lavado
E o sentir do pobre vate desesp’rado.
_ Ó Tempo, por que és tão ingrato e mau?
Deixa o Estro passar o Rio a vau!...

José Calema

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