18 de fevereiro de 2011

Falta de tempo


Olá Maria José,
Ontem, ao ler uma das tuas mensagens no Facebook, deu-me para escrever o poema que se segue e que te dedico, como todo o afecto de uma imensa e verdadeira amizade. Aí vai:

O nosso Tempo já não tem mais tempo
Para sujar a folha, muito alva,
Que á nossa frente dá mais vida ao Tempo,
Pondo-o a galopar, qual Marialva
Em seu belo alazão, pelos campos fora
Como se a vida fosse já de outrora.
Tudo corre com tanta e louca pressa
Que muito nos parece ser o fim
De qualquer sublimada e vã promessa,
Feita só coração e frenesim.
Já não há muito tempo p’ra dizer
O que a alma sente, a cada instante,
Nem para se cantar o que é viver
Numa alegria doce e mui constante.
As belas expressões do pensamento
Morrem logo à nascença com’um ai.
Queda-se tão inerte o sentimento,
Que o Tempo, já sem tempo, se contrai
Deixando assim papel branco e lavado
E o sentir do pobre vate desesp’rado.
_ Ó Tempo, por que és tão ingrato e mau?
Deixa o Estro passar o Rio a vau!...

José Calema

10 de fevereiro de 2011

O afastar das palavras...


(Como dizer ao meu ser, que as palavras se afastem…?)
Na lonjura do pensamento, gastei o tamanho das noites, que dos sonhos tinham asas, e de cinzas se despiam...
E nessas noites morri...
Dos pensamentos nasci, com passos de nevoeiro!
Amanheci como um pássaro, e habito "neste retrato", que tem a história de não ter história nenhuma (já li isto em qualquer lado?)
E fico com este mar...
Ruidoso, ou manso...
E o mormaço do ar, dentro de mim a pairar...!

9 de fevereiro de 2011

A cor das palavras


"Sentires ao acaso a oeste do sentir"
(A quem gostar de "palavras com sabor...")

Imperfeita madrugada, azulada, ensombrada...
Nos meus olhos... rasos... bravos, de canto, encanto... assombrados
De prantos, ensolarados,
Desenhando na partida
Este meu cais de fugida
De segredos e silêncios, descendo p'la minha mão
Longos dedos... ou solidão
Entrando neste "meu muro"
Onde desenho no escuro
Onde começa o teu nome... Que murmuro, que murmuro!