28 de setembro de 2012

Tomara que os dias me dêem tempo...


Dias, que são só dias, dias que contém dias...
Dias que são só horas... ou minutos contados como séculos...
Que são dias? Que são horas?
Horas contadas com minutos que são tempos infindos...
Tempos infindos, contados como horas....
Horas intermináveis... como desertos de areia ou espuma…
Que se desfazem... e fazem...
Que construo como aranha paciente...
À qual desfazem a teia...
Mas não o seu propósito...
Dias... são casas onde habitam e moram...
Os sonhos desencontrados,
As lágrimas... desembrulhadas,
A força de uma onda,
A asa leve de um pássaro,
E eu sou só da família das borboletas...
Tomara que os dias me dêem tempo...
Tomara que os dias cresçam...
Tomara!
Que a minha alma é tamanha!
Como as vinhas da minha ilha,
Esperando, escondidas,
O choro do Garajau
E os dias vão-se tornando a minha pele,
Sedenta....
Que aguenta... aguenta... aguenta...

9 de setembro de 2012

... através dos silêncios...


Domingo!
Setembro!
Céu encoberto... tristonho... a Beira a mostrar-se Outonal...
Se houver sol... não sei por onde andará...
As coisas apressam-se numa lentidão silenciosamente sentida...
Os olhos, guardam apressados, mas precisos, a necessidade das imagens...
Guardam-se cheiros e sabores... pequenos gestos... delicadamente intensos... demorados, num respeito, que admiro... Numa força que se não mostra, mas que se sente...
Que "pena" tenho daqueles que nunca sentiram o sabor do amor, através dos silêncios... de pequenos nadas, que fazem "a diferença inteira"...
O ar aquieta-se... no jardim... E eu, vou indo devagar... como na asa do tempo, feita pequena porção de esperança e vida!
Abraços da Beira!

8 de setembro de 2012

Saboreando este sabor da quietude


Mais um sábado, amanhecido com Vila Nova a parecer a "terra da Bela Adormecida"...
Só ficaram "acordados", aí uma dúzia...
Um carro de quando em vez... ou muito de vez em quando...
Um arzinho fresco e puro p'la manhã, a anunciar, chegadas e partidas...
Um céu azul clarinho pespontado por restos de nuvens cheirando a fumo de fogos que foram dizimando este Distrito...
É o tempo do odor das últimas férias... o povo abalou para ver o mar... sentar-se na areia... a ver as ondas a bordar a terra... cheirar a maresia... molhar-se nas águas frias de Aveiro e da Figueira... Retemperar forças...
Rir um pouco... (faz falta rir...) Tirar dos ombros o peso, do peso da vida, nem que seja por instantes...
Caminhei ao longo das ruas e fui "saboreando este sabor da quietude", que tem esta perdida terra, no interior da Beira-Alta, e que hoje é no meu peito a morada que habito a meias, com a ilha que me navega o coração...
Mas sendo meio gente, meio ave... meio borboleta... preparo a minha "alma lutadora", para o Outono que há-de vir... e que se anuncia disfarçado de folhas caducas no meu jardim...
Bom fim-de-semana... Até a um dia destes!
Abraços, como nuvens... ou aves... com todos os tons que vestem a natureza!
Arrumem-nos por aí...