17 de março de 2011

O lado do avesso

...Faço sentir palavras, nascidas em lume brando...
E vou saboreando silêncios que o ar transporta cheio de sal, para me conferir um nome, solenemente...
Ou não... Mas real, como eu!...
Mas não sei que pendurar, nos ramos que tenho por dentro....!
Ou o Oceano que "nos trocaram por pele"...
Fiz-me das marés que me abraçaram, daí ser gota perdida...
Não me sento no lamento....
Faço-me...
E espero sempre como que entre os dedos me cresça, uma flor....
Sopro fresco, que me alise as ervas, e tenha para mim um casulo de colo aconchegado....
E tome nomes de nome, belezas de perto....
Eu sei lá!
Até amanhã!
Pudesse, eu, despir a casca, que o pó da vida transporta no meu dorso...
Ou então ser ave, que não pensa para não confundir as asas....
Qualquer coisa que não sei nomear, anda comigo de mãos dadas...
Solto-me do imenso nada...!
Que tempo este que não me deixa as palavras quietas, nem me acalmam a alma....
Dias assim, oprimem, enquanto abrigam...
Um céu pintado, exibe as cores, de qualquer esfumar de olhos em que me vejo...
Construo palavras em fios de água...
E fico aqui a navegar memórias....
Tenho um coração silencioso, que passa em passadas de quem passa descendo abismos ás avessas...
Fecho os olhos, e transmudo-me em… em pedra grande sentada,
Encostada aos pensamentos da fina película que define a alma....
.‎..Num qualquer cruzamento ou rua....até Outubro!
"Os sonhos sempre podem voar em pedras sentados..."
Levanto do peito a vida toda numa palavra só...
As mãos desenharam marés...
E vou construir um búzio, para descansares todas as manhãs, na frescura de cada maré...
No orvalho onde as árvores se infiltram...
(Os dias sem horas contadas vão começar)...
"Chamam-lhe férias" !! :-)
Existem belezas que só na distância se perpetuam...
Coloridas de arco-íris...
Roubando braços de abraçar...
Mãos de enternecer...
Toques de afagar...
Num entendimento onde o coração se perde e as palavras se não gastam...
É por isso que os meus olhos são por vezes penas de pássaros...
Como quem desce a vida "ás avessas",
E as penas já tanto volitam...
Que receio, já não saberem voar!...

Sem comentários:

Enviar um comentário