20 de janeiro de 2010

Palavras no peito ao acaso… para renovar a vida!

       Sou do mar, sou da ilha, da terra dos Bravos, do cheiro verde, do toque da onda, do infinito suspenso na aragem do ar, do mormaço dos verões, do vento assobiador do Inverno, do choro do garajau, do branco-cinza dos cagarros, da leveza das gaivotas... Das casas caiadas de branco-branco e de barras coloridas, do tempo quente e húmido, dos tons caprichosos do mar e do céu. Do azul ao anil, do turquesa ao vermelho, até ao cinza prata e chumbo... do seu sossego, do seu desatino, da imensidão da pequenez e da perdição da imensidão, do estado de outra dimensão, da quietude tão equilibrada da calmaria do tempo. O tempo que concede tempo ao tal qualquer sortilégio que a ilha tem, que prende e cativa, que consola e encanta e abranda a alma. Um som de viola da terra pressentido no cheiro forte da vida que brota plena de todos os recantos.
       Um tic-tac, de galocha bordada... Uma lágrima nos “Olhos Pretos”, uma saudade na “Lira”, uma alegria na “Chamarrita”.
       Que linda és tu, minha ilha!
       Com teu ar lavado, como se de noite andassem faunos pelo ar a varrer-te os serrados, regando hortênseas, glicíneas e azáleas, a caiar-te as casas e quintais e te perfumassem para o dia com o cheiro das ameixas pretas apregoadas pelas ruas em cestos, vindas das “ilhas de baixo”!
       E todo o mar é meu caminho! Assim sou uma Terceirense “empedernida” com distinção, de alma inteira, com umas costelas Jorgenses, umas raízes flamengas e um coração Beiraltino.
       As minhas mãos não seriam nada sem o coração, e como diz o poeta, não são as palavras que têm erros, quem erra é a vida, erros “desortográficos”...


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