12 de junho de 2012

A invenção das coisas


Dão-me um ponto na linha da água,
Não tenho mais nada…
Se inundar este branco do papel,
Terei os silêncios que falam,
E o que fala será mudo,
Porque discutem heranças e posses?
Entre o céu e a terra,
Tenho tudo,
E a distância que se abre,
Entre o espaço do meu mundo,
E o lugar do meu nome,
Disfarça, e deixa à porta de mim,
O que me cerca de silêncios,
E me deixa,
Livre… liberta… assim…
E vem na voz dos búzios,
Sonoros sons da alegria,
E trazem o que é daqui,
E nestes confins do confim,
É-me dado perceber,
Que nada disto é p’ra mim…
Busco a voz que me alimenta,
Sal… maremoto… tormenta,
Não tenho nada a perder,
Com tanta palavra a crescer,
E dou por mim tão inteira,
Leio a sina, nos meus dedos,
Como vento que ondeia,
E recomeço de novo,
Como ave no seu voo!
Que mais querem sou assim,
Filha da maresia…
E desta vida… vivida!



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